DICAS DE REDAÇÃO
Um trabalho de redação é, antes de mais nada, um trabalho de criatividade. Portanto, é muito pessoal, subjetivo; cada cabeça, um estilo. Considero um absurdo a tentativa de se padronizar um texto, de se elaborar um "modelo" a ser seguido ou, pior ainda, um gabarito para redação.
Entretanto, mesmo sendo um trabalho subjetivo, de criatividade, de manifestação de um estilo individual, existem algumas qualidades e alguns defeitos.
Qualidades que devem ser observadas : correção, clareza, concisão e elegância.
Defeitos que devem ser evitados: ambigüidade, obscuridade, pleonasmo ou redundância, cacofonia e eco.
AS QUALIDADES
Correção: evidentemente, um texto deve obedecer às regras gerais da língua, ressalvando-se sempre algumas liberdades como conseqüência do estilo.
Clareza: se o texto não obedece às normas gerais da língua, torna-se pouco claro, difícil de ser compreendido. As palavras devem ser bem colocadas, as ideias devem obedecer a uma determinada lógica.
Concisão: a concisão consiste em se apresentar uma idéia em poucas palavras sem, contudo, comprometer a clareza. O procedimento oposto é a prolixidade, defeito que deve ser evitado.
Elegância: é, em última análise, o resultado final obtido quando se observam as qualidades e se evitam os defeitos. Éo texto agradável de ser lido tanto pelo seu conteúdo como pela sua forma.
OS DEFEITOS
Ambigüidade: este vício ocorre quando a frase apresenta mais de um sentido, em conseqüência da má pontuação ou da má colocação das palavras.
Obscuridade: é o defeito que se opõe à clareza. Vícios que acarretam obscuridade: má pontuação, rebuscamento da linguagem, frases excessivamente longas (prolixas) ou exageradamente curtas.
Pleonasmo ou redundância: consiste na repetição de um termo ou de uma idéia. Em alguns casos, no entanto, o pleonasmo tem a função de realçar uma idéia, torná-la mais expressiva; dessa forma, o pleonasmo deixa de ser um vício e passa a ser uma figura de linguagem, um recurso estilístico. Portanto, é necessário distinguir dois tipos de pleonasmo:
- pleonasmo vicioso: "subir para cima", "entrar para dentro", "decisão unânime de todos", "monopólio exclusivo", etc.
- pleonasmo de reforço ou estilístico: Camões, em Os Lusíadas (Canto V, estrofe 18), faz uso de um pleonasmo célebre ao iniciar a descrição de uma tromba-d'água marítima:
" Vi, claramente visto, o lume vivo que a marítima gente tem por santo."
Cacofonia ou cacófato: é o som desagradável resultante da combinação de duas ou mais sílabas de diferentes palavras.Alguns exemplos: "... a boca dela", "... meu coração por ti gela", "...uma mão", "...vou-me já...", "...por cada", etc.
Eco: é a repetição desnecessária de um som, resultando num texto desagradável, com um ritmo batido e monótono. A melhor forma de corrigir esse defeito é ler o texto já acabado com muita atenção; na língua portuguesa é preciso tomar muito cuidado, por exemplo, com as terminações -ão, -ade e -mente. Uma frase do tipo: "Contra sua vontade, apenas por bondade, ele foi à cidade; na verdade..." machuca o ouvido.
Entretanto, como na redação tudo é muito relativo e possível, nós podemos abusar dos advérbios de modo terminados em -mente se o texto versar, por exemplo, sobre a ...mentira. O eco então deixa de ser um defeito e torna-se uma qualidade.
Espero que essa postagem esclareça as dúvidas mais frequentes sobre como produzir um bom texto. Continuarei colocando mais dicas e curiosidades sobre a nossa língua.
"Escrever é fácil:você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final.No meio você coloca as ideias."(Pablo Neruda)
Francymara Carvalho